terça-feira, 28 de junho de 2011

A arte que vem da natureza



Artesãos de Silva Jardim utilizam o bambu, cipó e a palha da taboa coletados na mata da própria região

Aliar criatividade, produtividade e sustentabilidade. Unindo esses conceitos a uma infinidade de ideias, o artesão Thiago Victer utiliza o bambu para produzir o artesanato que encanta pela simplicidade e beleza das formas que dá a móveis, luminárias, incensários, quadros, biombos e outros objetos de decoração.



Natural de Niterói, mas apaixonado por Aldeia Velha, aos 19 anos o artesão deixou a cidade grande para viver na tranqüilidade da serra. O dom para o artesanato, ele descobriu em Aldeia, onde passou a trabalhar com a arte do bambu. “Hoje não me vejo fazendo outra coisa”, falou.

O trabalho começa em meio a floresta, na seleção do bambu e a época certa de coletar. A matéria-prima é extraída dos bambuzais da própria região. “A maior parte do bambu que utilizo vem de Lumiar”, falou Thiago, que começa a cultivar a planta em sua propriedade.

Depois de coletado, vem a etapa de tratamento da planta, que recebe produtos para proteção contra cupim e aumento da durabilidade. Aí sim, o bambu vira lindas peças, que são vendidas na hora ou por encomenda. São camas, estantes, sofás ou o que o cliente quiser.

No começo, Thiago chegou a abrir uma loja no Centro de Aldeia, onde deu visibilidade ao trabalho que faz. Hoje, ele conseguiu abrir seu próprio atelier e mantém um camping e bar para complementar a renda. O artesão conta que a comercialização das peças ainda é complicada. “Eu já cheguei a fazer consignação com algumas lojas, mas é difícil, pois as pessoas ainda não dão valor ao artesanato”, conta.



Embora a vida de artesão seja difícil, Thiago garante que não deixa mais Aldeia Velha, onde sempre manteve suas raízes. “Aqui eu me encontrei e descobri uma vida mais saudável. Meu avô nasceu aqui e sempre passei minhas férias em Aldeia, até que decidi morar por aqui, onde sou apaixonado”, falou Thiago, ressaltando as belezas naturais de Aldeia Velha, como rios, cachoeiras, trilhas pela mata atlântica, além da hospitalidade da população.

Saindo do distrito de Aldeia Velha e indo até o Centro de Silva Jardim, encontramos o artesão Aristótes José Conema. Há mais de 20 anos ele produz artigos com a palha da taboa, bambu e cipó. São cestos, vassouras, esteiras, porta-retratos e luminárias traçadas com a matéria-prima coletada mata da região.

Seu Aristótes, que trabalhou como servente, se aposentou e passou a dedicar seu tempo a produção do artesanato, talento que descobriu aos 55 anos. A arte, ele conta que aprendeu com sua antiga senhora. “Eu ficava observando ela fazer os objetos e acabei aprendendo”, conta.


Seu Aristótes vendia seus produtos de porta em porta, mas nunca conseguiu viver só do artesanato. “É um trabalho que não é muito reconhecido e sem dinheiro para investir fica ainda mais difícil. Se tivesse bastante encomenda e incentivo, talvez fosse mais fácil”, conta.

Aos 74 anos, ele já não produz como antigamente, pois “a vista já não aguenta mais e não consigo mais entrar na mata para buscar a matéria-prima”, conta seu Aristótes, que já tentou passar seus conhecimentos a frente, mas diz que os jovens não têm mais interesse nessas coisas.

terça-feira, 14 de junho de 2011

Um passivo que está sendo remediado em Silva Jardim


Lixão do Goiabal foi desativado há pouco mais de um ano. Agora, técnicos buscam soluções para a recuperação da área



Desde março do ano passado que o lixão de Silva Jardim foi desativado. Localizado no Goiabal, em uma área isolada e rodeada por pastagens, o lixão representava um grande passivo ambiental que perdurou por aproximadamente dez anos. Durante todo esse tempo, o lixão funcionou sem nenhum tipo de cuidado. Somente em 2010 é que a prefeitura despertou para a necessidade de dar uma correta destinação para as 17 toneladas de resíduos gerados diariamente na cidade. Hoje, esse volume é despejado em um aterro sanitário particular em São Pedro da Aldeia.

A iniciativa da prefeitura já rendeu resultados. A desativação do lixão foi um dos pontos determinantes para que o município pulasse da 4ª para a 1ª colocação no ranking do ICMS Verde, sendo a cidade que mais arrecada o imposto no Estado do Rio. Em 2010, o repasse foi de R$2,9 milhões. Neste ano, saltamos para a cifra de R$5,2 milhões.

Embora haja críticas sobre o custo para despejar o lixo no aterro, os ganhos ambientais, sociais e de saúde são incalculáveis e o aumento no repasse do ICMS vem conseguindo cobrir tal custo. Hoje a área do lixão no Goiabal já não tem mais aquele mau cheiro e insetos, embora ainda abrigue certo volume de lixo.

Aliás, essa é outra etapa que a prefeitura terá que assumir: a remediação daquela área. Um trabalho difícil, já que foram dez anos de despejo contínuo de resíduos orgânicos e sólidos, lançados a céu aberto e sem nenhum tipo de tratamento, gerando o chorume, principal responsável pela contaminação do solo, do lençol freático e dos mananciais (rios, córregos e lagos) da região. O chorume pode perdurar por décadas mesmo após o encerramento do lixão, exigindo ações corretivas durante vários anos com o objetivo de remediar a contaminação.

Por outro lado, a prefeitura vem conseguindo recuperar a área onde funcionou o antigo lixão em Cidade Nova. Este funcionou por muitos anos, até que em 2000, com o crescimento do município, o lixão foi transferido para o Goiabal. Afinal, o lixão já representava uma ameaça para a comunidade que começava a se formar no bairro. 



Na época, montanhas de lixo dominavam a paisagem. Mas hoje, com o projeto de recuperação e ações de plantio, a área começa a ser encampada pela vegetação. Quem anda pelo local, nem imagina que ali existiam montanhas de lixo. A intenção da prefeitura é continuar reflorestando o local e transformá-lo num parque ecológico, onde poderão ser desenvolvidas ações de educação ambiental com as comunidades.

Erika Enne