sexta-feira, 30 de março de 2012


Palestra vai abordar a sustentabilidade e a política industrial implementada no Estado


O primeiro dia do fórum da Feira de Responsabilidade Social Empresarial da Bacia de Campos, que acontece nos dias 8, 9 e 10 de maio, na Cidade Universitária, vai fazer uma abordagem crítica sobre a política desenvolvimentista implementada no Estado do Rio de Janeiro, que prioriza a industrialização em prejuízo de comunidades que sobrevivem da pesca e da agricultura familiar.

Com o tema “Sustentabilidade e Política Industrial”, a primeira palestra terá como um dos debatedores Rodrigo Santos Silva, vice-presidente da Associação dos Produtores Rurais do 5º Distrito de São João da Barra, região onde a população tradicional está sendo pressionada a deixar suas propriedades para a instalação do Porto do Açu e do Distrito Industrial, empreendimentos do Grupo EBX e do Governo do Estado Rio de Janeiro.

Em sua explanação, Rodrigo fará um histórico do que vem acontecendo em São João da Barra, onde quase 500 famílias serão desapropriadas, sendo que 70 já foram retiradas de suas propriedades para a instalação dessa nova política industrial. “Se por um lado está sendo articulado o crescimento econômico da região, por outro não coloca o ser humano como peça do tripé da sustentabilidade, que alia o social, ambiental e o econômico. Nessa região vivem centenas de produtores rurais que sustentam suas famílias com o que plantam ali e não querem deixar o local onde nasceram e cultivam para sua sobrevivência”, falou Rodrigo.



Rodrigo frisou que a população não é contra a instalação do Porto do Açu, pois ela quer fazer parte do desenvolvimento que o empreendimento vai promover. Mas os produtores que vivem da terra e estão estabelecidos há mais de cem anos no local são contrários as desapropriações que estão acontecendo em suas terras para a criação do Distrito Industrial. “Nós não somos contra o porto, só não queremos deixar nossas casas. Ninguém aqui depende de prefeitura para sobreviver, pois vivemos do nosso trabalho e eles estão forçando as pessoas a deixarem seus sustentos, suas vidas. E para ir para onde? Para fazer o que?”, desabafou Rodrigo, criticando também a falta de diálogo da empresa EBX com a comunidade.

O vice-presidente da Asprim vai abordar os problemas sociais que serão gerados, já que a região abriga um mosaico de comunidades rurais, pescadores artesanais, agricultores familiares, posseiros e pequenos comerciantes. “Somos o 3º maior produtor de pescado do Estado. Produzimos mensalmente 300 toneladas de maxixe e quiabo, além de termos a segunda maior produção de abacaxi do estado, com 4,6 milhões de unidades anuais”, falou Rodrigo, ressaltando que a cadeia produtiva da agricultura gera 15 mil empregos diretos, e o Porto do Açu poderá afetar o abastecimento agrícola em todo o Estado do Rio de Janeiro. “Não comemos cimento, nem bebemos petróleo”, falou.

A palestra contará ainda com a participação do superintendente do Inea, Renê Justen; o sociólogo e cientista político, coordenador de Extensão do CCH/UENF, Hamilton Garcia; o sociólogo, professor da UFF, mestre em Planejamento Urbano e Regional José Luiz Vianna da Cruz; e pelo ambientalista, escritor, diretor da Revista do Meio Ambiente, ganhador do Prêmio Global 500 da ONU, Vilmar Berna.